4 de Fevereiro - São João de Brito

4 de fevereiro

São João de Brito

Sacerdote mártir

Filho do governador do Brasil, D. Salvador de Brito Pereira, e de sua esposa, D. Brites Pereira, nasceu João Heitor a 19 de março de 1647 em Lisboa, filho mais novo do casal. Com apenas 9 anos de idade tornou-se pajem na corte de El-rei. Ao piedoso jovem faltou-lhe ali a direção amorosa da mãe, mas nem por isso a vida na Corte causou-lhe dano, pois, como em casa dos pais, conservou-se fiel aos exercícios religiosos, e, no estudo, ativo e diligente. A sua seriedade e modéstia submeteram-no a frequentes observações e caçoadas dos levianos companheiros da Corte. Perigosa enfermidade fê-lo voltar ao lar, onde os cuidados maternos e a fé na intercessão de S. Francisco Xavier lhe restituíram a saúde. Aos poucos foi alimentando o desejo de ingressar na Companhia de Jesus, o que realmente fez a 17 de dezembro de 1662, contando 15 anos e dois meses.

Pouco tempo depois de sua ordenação, foi mandado, com 27 confrades para as Índias. Chegou ao porto de Goa, após perigosa navegação e foi designado para a missão do Maduré. AÍ conseguiu converter populações inteiras de pagãos, recebeu o governo de toda a Missão e não temeu expor-se aos maiores perigos para levar o Evangelho a toda parte. Perseguido pelos brâmanes, que constituíam a primeira das quatro castas, regime aí mais rígido que em qualquer
outra parte da Índia, acabou por cair nas mãos deles; opositores do cristianismo, os brâmanes, soberbos pelo nascimento e posição, mestres do povo, depositários da ciência e sustentáculo da vida religiosa, viam naturalmente na nova religião proclamada uma ameaça à sua
influência.

Libertado uma primeira vez de cruel cativeiro, foi João de Brito enviado å Europa para tratar dos negócios das missões na Índia. Mas apressou-se a voltar, o que fez após uma visita as residências da província do Malabar. Chegou, assim, novamente a Marava, em 1691. A 8 de janeiro de 1693 foi preso novamente por uma tropa de soldados. Levado ả presença do príncipe de Marava, foi condenado å morte por pregar uma doutrina religiosa estranha em seus domínios. 

Foi enviado depois a Urgur, onde se consumou seu martírio, pelo estraçalhamento de seu amado corpo: cortaram-Ihe primeiro a cabeça, depois mãos e pés, e suspenderam o tronco com a cabeça a um poste, no local onde estivera antes do martírio a orar; após o recolhimento
dessa oração dissera a seus carrascos: mim agora o "Podeis fazer de que quiserdes.

A notícia de seu martírio inflamou o zelo dos missionários, firmou a fé dos neófitos, converteu grande número de infiéis Muitos por sua intercessão. Foi canonizado em 1947 milagres se realizaram por pelo papa Pio XII.

Å semelhança de S. João Batista, o heroico missionário português foi martirizado precisamente por defender a unidade e indissolubilidade do matrimônio. Fiel å palavra de Deus, durante toda a sua vida, deu o supremo testemunho pela Verdade, morrendo por ela Agora espero padecer a morte por meu Deus e meu Senhor. A culpa de que me acusam vem a ser que ensino a Lei de Deus Nossa Senhor... Quando a culpa é virtude, o padecer é glória'" (Carta escrita do cárcere, na véspera de sua morte).